Translate

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Felicidade

Passam horas a mais, dias em que estou só e sei que está tudo errado. No quarto um estúpido cartaz grita em letras berrantes “Make your own HAPPINESS” - faz a tua própria felicidade - e o meu ego recolhe-se em si mesmo. Não vale de nada. Tentar. Se a felicidade fosse verbo ela só seria conjugada no plural. Nós felicidade, vós felicidade, eles e elas felicidade, a ti e a mim? A ele, ela?

Nada.

Felicidade não tem tom de nome, de advérbio ou de adjetivo, tem sim tom de saudade, de onomatopeia forte demais para ser gritada aos ventos fora de sonhos.

Passam meses a mais, anos e eu sei que estou a fazer tudo errado. E o simples porquê repete-se, por mais que eu tente, eu não sei fazer felicidade.


Cristina Lemos.

A morte

A morte saía-lhe pelas narinas
folgante com cada respirar
e no corpo pesado era cinza que a fazia pesar
Imensa e enraizada de medo, ela, não a morte
e por mais que lágrimas subissem ninguém chorou
- ou morreu
Se as luzes passassem com força a iridescência não teria lugar
Se o copo pesasse mais não teria força para o levantar
A morte ainda não lhe saiu das veias
ela luta, brava, para se libertar
de amarras brancas e nódoas negras
que olhos nenhuns deviam observar
De raiva
Com raiva
A morte evade-lhe por teimosia.

Cristina Lemos.

sábado, 6 de agosto de 2016

Tipos de fics - erros comuns

Todos nós, como escritores e/ou leitores, reparamos nesses pormenores chatos que aparecem por aí e, muitas vezes, nem ligamos por preguiça ou porque a história é mesmo (!) boa. Hoje decidi escrever um pouco sobre alguns erros comuns que venho lendo nas fanfictions e histórias originais que leio, não como forma de rebaixar mas para ajudar. Vamos lá?





1º - Escrita em si

Às vezes eu tenho a sensação que o povo não sabe bem o que é um roteiro nem a diferença entre a história e o roteiro em si. Vamos começar com um exemplo, no roteiro é descrita todo o cenário, desde a cor das casas ao tipo de árvores, o tipo de carros que passam na rua, se tem pássaros cantando ou um cão urinando na esquina, e isso até é aceitável numa história narrada na 3ª pessoa mas narrações na 1ª pessoa? A não ser que o seu personagem seja do estilo super observador (o que é possível) é bom focar apenas no essencial, uma pessoa normal que anda na rua não repara em todos os aromas, não sabe se a velhinha no banco está feliz ou que acabou de ter uma boa conversa com o filho! Apenas não sabe! Você como escritor sabe e, se acha que os leitores devem saber, acrescente um narrador à sua história! Problema resolvido.



Outro exemplo disso é a forma como a fala e a ação são pouco/mal diferenciadas no texto, muitas vezes encontro-me com situações em que o diálogo mistura-se com os pensamentos da personagem e até com a ação e eu tenho que reler o mesmo parágrafo 3 vezes para entender! Vamos por partes, parágrafos! São uns deuses, certifique-se que os usa sempre que for pertinente! A sua personagem acabou a fala e agora você quer descrever a cena? Parágrafo!
A personagem estava a falar e você quer introduzir o pensamento? Use a imaginação! Use o discurso indireto dentro das diretivas, use itálico se isso o deixa feliz, só não deixe a frase como algo do tipo "-Eu juro que nunca vi essa mala na minha vida! Espero que a Maria não me tenha visto quando eu a coloquei no sótão ontem."


2º - Falar com o leitor

As introduções do estilo "Oi. o meu nome é Luciana, tenho 25 anos e sou baixinha, morena e tenho metade do cabelo azul e a outra metade roxa, um piercing no nariz e uma manga de tatuagens." estão a ganhar fama nos sites de fanfics e, bom... Eu só vou pedir: NÃO, por favor, não faça isso a menos que pretenda interagir com o leitor até o fim da história!! Não é coerente o personagem falar diretamente com o leitor no primeiro capítulo e esquecer que ele existe até o fim da história.


3º - Os erros

Por amor da mamãe, os erros! Eu juro que pode ser a melhor história de todos os tempos, com um enredo bem estruturado, personagens reais e interessantes sem serem exageradamente apelativas mas, e que grande "mas", se tiver erros eu deixo de ler, simples assim, Ok, talvez eu perdoe uns erros básicos (sou humana e sei que errar é normal), tem histórias mesmo interessantes que falham nesse aspeto, todavia não custa nada, nada mesmo, usar a porcaria de um dicionário!! (NÃO! Não é uma porcaria, esqueçam que usei essa palavra sequer, amem o dicionário.) A sério, existem excelentes dicionários e gramáticas, quase perfeitas de tão simples que são, adivinhem... online! Nem precisa gastar mais dinheiro! A internet está paga, mais vale usá-la.



Por falar em erros, sou só eu a "diferentona" que nota ou agora virou moda fazer o personagem mudar de personalidade da noite para o dia? Tudo bem o personagem evoluir, só sejam coerentes.

Ah, e os pormenores, gente, eu sei que é chato estar sempre a reler a própria história mas você não pode falar no início que a Joana tinha 2 metros de altura e 3 gatos e no fim aparecer um cavaleiro andante e ela tem que se por de pontas de pés para o beijar enquanto o cão late ao fundo. Coerência! Eu não sei onde vocês vivem mas por aqui ter 2m não é normal.


O que nos leva ao ponto final...


4º A pesquisa

Não é a primeira nem será a última vez que leio uma história sem pés nem cabeça mas tem umas que me surpreendem de verdade! É sempre bom pesquisar pormenores como em que ano os carros foram inventados ou o papel da mulher na sociedade no séc. (?) se a sua história se passar no passado. (Uau, frase inteligente aqui.)



Então vamos por fases:
-ROUPA, sempre, não importa se é no futuro, no presente, no passado, sempre pesquise e adeque a roupa consoante a época, situação, país, região, estação;
-TECNOLOGIA, use a cabeça, em 1998 não havia as coisas que há hoje então, sem iPhones se faz favor;
-COSTUMES, por amor da mamãe, não ponha um russo a sambar na Rússia ou a ouvir funk sem que eles sequer conheçam o Brasil! Tem muitos países em que a mulher é tratada abaixo de cachorro de rua, e países que "seguem" outra religião, então pesquise, tipo sempre;
-DINHEIRO, nem toda a gente é rica e, em muitos países, ser rico é ter uma casita e dinheiro para pagar a comida;
-HISTÓRIA, então é assim, Hitler não conheceu o Dalai Lama, o homem não veio dos macacos (ascendentes em comum minha gente) e o planeta terra não tem 2000 anos.


~~ok, talvez esse tópico devesse chamar-se "senso comum"~



Melhores frases de anime (cont.)

"Só te tornas verdadeiramente forte quando tens alguém para proteger." - Naruto


"As pessoas não ficam paradas no tempo esperando que regressemos, elas evoluem e esquecem quem somos." - Inu-Yasha


"Se isso é coisa do que vocês chamam de coração, significa que é por tê-lo que vocês humanos sofrem." - Bleach

"Se não arriscamos, não criamos o futuro." - One Piece


"Eu não me importo se falhar tentando alcançar meus sonhos." - Bakuman


"Você tem que olhar para dentro de si mesmo e não ter medo daquilo que possa encontrar." - Yu-Gi-Oh


"A sabedoria adormecida na palavra escrita é dominada pelo desespero que nela se esconde." - Tokyo Ghoul


"É muito simples escapar de perguntas inconvenientes com mentiras plausíveis." - Hunter X Hunter


"Aqueles que conhecem o ódio, também conhecem a tristeza." - Code Geass


"Creio que as memórias são o seu pior inimigo." - Avatar


"A vontade de mudar o mundo... Só isso é o suficiente para fazer a história se mover." - Fairy Tail


"Confie e será traído. Descuide-se e será morto. Mate antes que te matem." - Samurai X

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Isto não é uma crónica I

Eu podia estar a escrever um texto dramático agora - como faço repetidas vezes-, podia estar a inventar um conto, podia estar a escrever poesia sem sentido. Eu podia, e devia, respirar fundo, absorver o mundo ao meu redor para então poder vomitar as letras que se prendem entre as minhas veias. E eu vou. Vomitar palavras e sentimentos, se me pertencem ou não, aí fica a dúvida. Então começo e acabo com isto, uma história de… nada.
António tinha esta mania estranha de nunca duvidar de ninguém, era gentil demais, simpático, sempre cortês e com um sorriso educado; eu, por outro lado, sempre fui ácida para a vida. Deixei veneno disfarçado em cada canto em que permaneci por mais do que trinta segundos mal encarados; muito mal encarados mas tão bem analisados que chegava a doer a vista. Notava tudo, o sorriso falso, o cabelo mal alinhado, o botão mal colocado, a tinta que descascava naquele pontinho minúsculo atrás da televisão, na planta excessivamente verde que era falsa, António reparava que a dona da casa tinha se oferecido para ajudar com os meus priminhos, que parecia realmente feliz com a visita, e entre perspetivas diferentes do mundo a senhora dizia que eramos um casal tão belo. Eu podia ter-lhe dito de tudo mas apenas sorri.
-E o seu marido?
Acabei por perguntar por educação, sem educação. Pouco me importava o marido da velha chata, pouco me importava a vida desta mulher tão alegremente triste. A janela era mais interessante, as escadas de madeira que rangiam eram mais apelativas do que o discurso enfadonho que parecia perpetuar naquela casa. Na minha mão repousava a aliança que tirara antes de entrar, mantive o punho sempre fechado, na minha cara repousava o falso sorriso que eu quase esquecera de por, em todo o meu corpo explodia a ansiedade não evidente de correr dali para fora. Era sempre assim, odiava ter que conhecer as vítimas, isso era ritual dele e não meu; segurei-lhe a mão e apertei, controlando-o, ele era tão inocente, podia cair a qualquer momento. Dois chás e uma boa quantidade de bolachas depois e estávamos porta fora com promessas de voltar em breve.
-Gostei dela. - ele começou.
-Gostas de todas elas. - resmunguei antes de colocar a aliança de volta no dedo. - Mulher chata…
-Assim é bom, quando não gostas custa-te menos.
O sorriso inocente de novo no rosto daquele homem tão grande, meu irmão de criação, tão inocente e tão perdido. Ele sorria para a vida, eu cuspia nela, enquanto a faca que atravessava as vítimas era dele a pá que as cobria era minha.

-Cristina Lemos.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Definição de falácia

"Na lógica e na retórica, uma falácia é um argumento logicamente inconsistente, sem fundamento, inválido ou falho na capacidade de provar eficazmente o que alega. Argumentos que se destinam à persuasão podem parecer convincentes para grande parte do público apesar de conterem falácias, mas não deixam de ser falsos por causa disso. 

Reconhecer as falácias é por vezes difícil. Os argumentos falaciosos podem ter validade emocional, íntima, psicológica, mas não validade lógica. É importante conhecer os tipos de falácia para evitar armadilhas lógicas na própria argumentação e para analisar a argumentação alheia. 

É importante observar que o simples fato de alguém cometer uma falácia não invalida toda a sua argumentação. Ninguém pode dizer: “Li um livro de Rousseau, mas ele cometeu uma falácia, então todo o seu pensamento deve estar errado”. A falácia invalida imediatamente o argumento no qual ela ocorre, o que significa que só esse argumento específico será descartado da argumentação, mas pode haver outros argumentos que tenham sucesso. Por exemplo, se alguém diz:
“O fogo é quente e sei disso por dois motivos: 1. ele é vermelho; e 2. medi sua temperatura com um termômetro”. 

Nesse exemplo, foi de fato comprovado que o fogo é quente por meio da premissa 2. A premissa 1 deve ser descartada como falaciosa, mas a argumentação não está de todo destruída."

quinta-feira, 14 de maio de 2015

MUSIC OF THE DAY

Passados 100 anos...

“Chegas passados 100 anos
Achando que nada mudou
Pedindo ajudas, conselhos
Lembras de quem me ignorou?

Chegas depois da tempestade
Perguntando o que mudou
Virei as costas, éramos amigos?
Eu era… Mas você não ligou.”


— Cristina Lemos